domingo, 31 de julho de 2011

RESENHA DO FILME, QUANTO VALE OU É POR QUILO?

          Filme : Direção: Sérgio Bianchi (2005)
           Por
Marta Kanashiro

         
          Um filme que demonstra como era o costume e os métodos das classes dominantes no período colonial. Nesse filme pode-se observar que o Brasil precisa ser revisto em sua política, pois a mesma ilude o nosso povo com promessas inúteis fazendo com que as pessoas descentralizem seu foco do que realmente é importante.
          O Brasil atual tem muitas semelhanças com o Brasil do filme como, por exemplo, alguns empréstimos ou benefícios facilitados para a classe pobres aposentados e pensionistas parecem àquela parte do filme onde se pode comprar a carta de alforria de uma pessoa. A sociedade democrática meio que aprisiona o povo numa democracia lúdica e não se dá conta do que está por trás de lindos discursos, exemplo disto é o “termo solidariedade usado no filme”. O que foi chamado de solidariedade foram ações impostas pelas elites, que pareciam resolver os problemas sociais das classes marginalizadas em pobreza e preconceito, mas na verdade era disfarce para continuarem enganando a sociedade.
          O filme, a um primeiro olhar, desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas no fundo, semelhantes na manutenção de um perverso contexto social-econômico, embalado pela corrupção impune, pela violência e pela injustiça social. No principal episódio do filme, transcorrido no século XVIII, um Capitão do mato captura uma escrava fugitiva (Arminda) que está grávida. Ao entregá-la de volta para seu dono, recebe sua recompensa. O episódio é reproduzido nos dias atuais, ainda que seja numa modalidade de pouca transparência o contexto é o mesmo.
           O termo usado no filme “escravo sem dono, o que vale é a liberdade” transcorre naturalmente, segundo Freitas (2003), exclusão e inclusão é um par dialético e só pode ser investigado e desvelado em conjunto (incluir versus excluir). O que é chamado de inclusão social no filme na trama, transcorre nos dias atuais, uma ONG implanta o projeto “Informática na Periferia” em uma comunidade carente. Arminda, que está empenhada com o projeto, descobre que os computadores foram superfaturados, decide denunciar a situação, e por esse motivo, terá de ser eliminada. Candinho, jovem que está desempregado e com a mulher grávida (interpretada por Leona Cavalli, sonhando com ascensão social), tem que se virar para sobreviver e sustentar a família, e assim transforma-se em um matador de aluguel. É contratado para matar Arminda.
          O ser humano viveu momentos massacrantes, momentos estes marcados pela falta de liberdade social, cultural, político, econômicos e até mesmo religiosos. Historicamente chamado de escravidão ou escravismo, é o que relata e retrata o filme, nesse sentido, fez-se necessário buscar interpretações relevantes a esses momentos vividos. Do ponto de vista dialético, analítico e crítico a escravidão ainda existe; na visão política e capitalista riqueza e pobreza interagem e se complementam se naturaliza mesmo em situações extremas.
           O sentido em que coloca o filme o discurso de Frei Neto procede quando diz, “a pessoa fala de acordo com o chão em que pisa seus pés”, observa-se como a personagem do filme Joana Maria da Conceição, sofreu muito na condição de escrava, pagou caro para receber sua alforria. Depois de ter “liberdade” seu discurso mudou, ou seja, seu comportamento, sua atuação na sociedade mudaram completamente. Passou a ser comerciante de escravos, o capitalismo entrou em sua vida, e a outra face continuou marginalizada. O que ressalta nesse texto é exatamente isso, o mundo e o mesmo, assim como a sociedade é a mesma, cheio de diferenças sociais resultantes do preconceito e principalmente o preconceito racial.



QUE ESCOLA TEM NO CAMPO, E QUAL A ESCOLA IDEAL PARA O CAMPO.

As origens do município de Medicilândia têm a ver com o Programa de Integração Nacional/PIN, instituído no ano de 1970 e implantado, a partir de 1971, pelo Governo Federal. O objetivo do PIN era o de desenvolver um grande programa de colonização dirigida na Amazônia, trazendo trabalhadores sem terra de diversos pontos do Brasil, em especial do Nordeste. O município de Medicilândia está situado no trecho da Rodovia Transamazônica da BR 230, entre Altamira e Itaituba no Pará.
Com o acontecimento da colonização a população foi crescendo a cada ano, e quando o município foi emancipado começou a desenvolver uma política de assistência aos moradores da região. Entre algumas ações desencadeadas pelo governo do Estado e município no atendimento à população, está incluída a educação. E nesse contexto, surgem vários problemas relacionados à rede pública de ensino; de início como principais problemas pode-se apontar; a falta de infra-estrutura nas escolas, qualificação dos servidores na educação, e falta também estradas para facilitar a mobilização e articulação no processo ensino-aprendizagem nas escolas do campo.
  Se compararmos a época da colonização, e a realidade que se encontra hoje o município, nota-se uma redução dos problemas. Mas falta muito para o município de Medicilandia alcançar a qualidade de vida que todos esperam de acordo com a legalidade. E referindo a educação do campo percebe-se que os problemas encontrados são freqüentes e crescentes devido às escolas adotarem medidas isoladas e sem articulação. Segundo o Art.10 da Resolução CNE/CEB 1, DE ABRIL DE 2002;
O projeto institucional das escolas do campo, considerando o estabelecido no artigo 14 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), garantirá a gestão democrática, constituindo mecanismos que possibilitem estabelecer relações entre a escola, a comunidade local, os movimentos sociais, os órgãos normativos do sistema de ensino e os demais setores da sociedade. (BRASIL/2002) pg.1.
As escolas do campo no município de Medicilândia têm sofrido bastante com relação às normativas estabelecidas pelo poder público, porque todas as escolas sem exceção seguem um único PPP (plano político pedagógico) da escola pólo da cidade. Isso demonstra que o modelo educacional do município é igual para todos, significa então que as escolas do campo estão desvinculadas de suas realidades. Sabe-se que o sujeito do campo precisa estar inserido e atento ao desenvolvimento do campo e também da cidade, para poder consolidar as duas modalidades de vida; na zona rural e na zona urbana. No PARECER CNE/CEB Nº 23/2007, no parágrafo 8 afirma;
Não se trata, é claro, da idéia errônea de pretender fixar o homem rural no campo, uma vez que o processo educativo deve criar oportunidades de desenvolvimento e realização pessoais e sociais; trata-se, entretanto, de trabalhar sobre as demandas e necessidades de melhoria sobre vários aspectos: acesso, permanência, organização e funcionamento das escolas rurais, propostas pedagógicas inovadoras e apropriadas, transporte, reflexão e aperfeiçoamento das classes multisseriadas, enfim, construir uma Política Nacional de Educação do campo. (BRASIL/2007) pg. 66.
Todo ser humano sonha com uma vida social digna, de respeito e cidadania, com oportunidades e garantias de vida com segurança. E esse sonho muitos acredita que através da educação tudo pode se realizar; e nesse caso os pais dos alunos buscam por melhores qualidades no ensino visando o futuro da família. Mas a vida no campo oferece poucas oportunidades, e as escolas estão distante das residências; a falta de transporte escolar dificulta a trajetória das crianças, e assim muitos terminam desistindo antes de concluir o ensino fundamental, mas citando a RESOLUÇÃO Nº 2, DE ABRIL DE 2008 no Art. 8º “O transporte escolar, quando necessário é indispensável, deverá ser cumprido de acordo com as normas do Código Nacional de Trânsito quanto aos veículos utilizados” (pg.88).
A escola que todos sonham e gostariam de ter no campo, ainda não existe no município de Medicilândia, haja vista que, os protagonistas que dizem fazer parte da política educacional do município não têm assumido com responsabilidade nos cargos que atuam. E por isso que no parágrafo 7º do PARECER CNE/CEB Nº: 23/2007 garante:
Uma política pública adequada à Educação do Campo necessita, desde logo, a adoção de ações conjuntas de colaboração e cooperação entre as três esferas do Poder Público União, Estados (mais o Distrito federal) e Municípios, com a finalidade de se expandir a oferta de Educação Básica que viabilize a permanência das populações rurais no campo. (BRASIL/2007) pg.66.   
            Quando o povo do campo cansa de esperar pelos programas e projetos do governo, acontece o êxodo rural, as famílias vão para a cidade em busca de melhorias. Mas a falta de formação e qualificação para o mercado de trabalho termina forçando morar em áreas de risco, e então leva a vida trabalhando em mão-de-obra barata, os filhos às vezes seguem caminhos ilícitos, e os pais não conseguem mais acompanhar os procedimentos educacionais dos filhos. Essa vida desordenada tem vários nomes; a desvalorização, o descaso e a falta de políticas de desenvolvimento rural para o povo do campo, afeta as escolas, o setor produtivo agrícola, as comunidades ficam sem ação e também aumenta a população na cidade, já que a maioria está abandonando suas terras para morar na cidade.

BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Resolução nº CNC/CEB 1, de Abril de 2002. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo: in. Apostila Procampo: mimeo
________, PARECER CNE/CEB Nº 23/2007. Consulta referente às orientações para o atendimento da Educação do Campo: in Legislação e Diretrizes Educacionais. Apostilas Procampo. mimeo

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Currículo, Conhecimento e Cultura: questões para reflexão

                São apresentados no texto significados que determinam relações entre currículo e cultura. De um lado estão as visões tradicionais, assentada, estática e concebida como um produto acabado e finalizado; De outro existem a relação de currículo que está baseada numa noção dinâmica de cultura na perspectiva vista mais como produção, criação, desmontagem, desconstrução e por outro, remontagem e reconstrução.

            As práticas culturais são características pelas quais os grupos sociais são identificados. No currículo tradicional essas práticas culturais são impermeáveis dentro de cada grupo isoladamente não permitindo a mistura de culturas gerando o pluriculturismo. Essa teoria é quebrada dentro de um currículo crítico, onde as culturas sociais passam por uma homogeneidade gerando dessa forma a construção de novos saberes culturais.

            Nas práticas de significação, o sentido e o significado existem como ideia pura, como pensamento puro, fora do ato de sua enunciação independente da matéria significante da linguagem. Sendo organizados em sistemas, estruturas e relações que por sua vez tem como linguísticas materiais, a trama, as redes de significantes, os tecidos de signos e textos. Já nas práticas produtivas a cultura é atividade, ação e experiência; embora às vezes de forma desajeitada, oblíqua, submetidas a um novo trabalho de tradução, transporte, deslocamento, condensação, desdobramento, redefinição a um complexo indeterminado a transformação.

            As identidades só se definem, entretanto, por meio de um processo que é fundamentalmente cultural e social. Os resultados dessa construção são sempre incertos, indeterminados, imprevisíveis; como diz Stuart Hall (1994, p.222) “identidade é como uma produção, que não está nunca completa, que está sempre em processo, e é sempre constituída do interior, e não fora, da representação”.

sábado, 23 de julho de 2011

OS PRINCIPAIS MOTIVOS QUE LEVARAM A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO E A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO.


OS PRINCIPAIS MOTIVOS QUE LEVARAM A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO E A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO.
Marcos Emílio Ekman Faber.
Norberto Luiz Guarinello.

             Para a compreensão sobre os principais motivos que levaram a queda do Império Romano e a transição do feudalismo, é importante fazer uma leitura com os autores que em momentos diferentes viveram essa passagem. Por outro lado, faz-se necessário relatar o tema em questão, com as afirmações dos autores, que ora concordam, ora discordam em alguns aspectos da história do Império Romano e a transição do feudalismo.
             A perspectiva do texto, no que diz respeito á queda do Império Romano, mostra os motivos pelo qual Roma entra em declínio. A questão econômica é o foco principal, que segundo Perry Anderson, ao contrário de Gibbon, “à crise econômica foi decisiva na queda do Império Romano, e o esgotamento do trabalho escravo foi o principal motivo do colapso romano. O autor Edward Gibbon, atribui ao declínio de Roma outro motivo; a expansão territorial, o mesmo afirma dizendo que tornou-se difícil para o Império administrar e proteger as fronteiras. Por esses motivos os gastos aumentaram, e  conseqüentemente foi um peso que desabou a estrutura do Estado Romano.
            Ao se tratar da economia de Roma, são várias concepções que indica as conseqüências que inviabilizou a instabilidade de todo sistema romano. Entre os quais estão: os autos gastos estatais na modernização do Império, construção de estradas, diques, aquedutos, etc.. A suspensão de guerras de conquistas acabou inviabilizando um sistema que também era baseado na mão-de-obra escrava “o poder militar”. Para Anderson, a inexistência de um mecanismo interno do modelo escravista romano, impossibilitou sua renovação de escravos, acarretando uma grave crise no sistema estrutural econômico de Roma. A saída encontrada para a crise da mão-de-obra foi criar o “sistema de colonatos”.
            A transferência de cidades para o campo e a ruralização da sociedade romana inviabilizaram a manutenção do exército; nesse sentido, Roma perde força e não consegue defender as fronteiras facilitando então a entrada dos povos bárbaros. Segundo Gibbon, os bárbaros representavam um retrocesso, um atraso a civilização. Para ele as hordas invasoras eram hostis aos ideais de liberdade, de igualdade e de propriedade, importantes itens do ideário iluminista. Perry Anderson segue outra linha de pensamento, numa visão marxista analisou as invasões bárbaras do ponto de vista socioeconômico. Para ele, a proteção militar as fronteiras gerava elevados gastos ao império, sendo muito difícil a manutenção e a sua preservação.
            O feudalismo ocorreu entre o século V e XV, após a queda do Império Romano e que se divide em pequenos reinos, porém esses reinos não foram capazes de solucionar os problemas de segurança das pessoas, e no século V a população começa a fazer um êxodo urbano, pois a população estava indefesa contra os ataques dos Germanos procurando assim se esconder dos ‘‘bárbaros’’. Ainda que de forma lenta e pouco perceptível, começa uma transição de um regime imperial para um período feudal; que segundo Guarinello, em suas colocações sobre o tema “Escravos sem Senhores: escravidão, trabalho e poder no Mundo Romano” a libertação, alforria ou permissão para torná-los os escravos um pouco independente deu espaço a um mundo econômico fragmentado.